Sequências Didáticas Ensino Médio

 
Sequência didática 1 - Regência, Complemento Verbal e Nominal
 
 

Habilidades específicas relacionadas a esta aula:

  1. Perceber a relação de subordinação existente entre o verbo e seus complementos, bem como entre alguns nomes – substantivos, adjetivos e advérbios – e seus complementos;
  2. Apropriar-se de normas de regência nominal e verbal de acordo com a variedade padrão da língua;
  3. Verificar, por meio de atividades propostas, a função semântico-discursiva da regência nominal e verbal na construção do texto.

 

Duração das atividades

04 aulas de 50 minutos

 

Conhecimentos prévios trabalhados pelo professor com o aluno

    Embora este estudo seja voltado para os aspectos gramaticais no atendimento da habilidade em defasagem é importante à compreensão de que ele não pode estar descolado de sua função social. Assim, no manejo com os textos o professor deve suscitar o questionamento crítico de seus alunos, retomar a função social da língua, bem como a norma padrão culta e sua importância na escrita.

 

Estratégias

    Com base nos procedimentos de leitura elucubrados nos Cadernos do Professor e fundamentado em referencial teórico sobre estratégias de leitura[1], sugerimos que o professor inicie o estudo levantando os conhecimentos prévios de seus alunos, prevendo antecipações e levantando hipóteses com eles.     Também é importante para o desenvolvimento das atividades, dialogar com os alunos sobre as possíveis dúvidas que surgirão, socializando com toda a classe.

 

  Recursos da aula

  1. Utilização do laboratório de informática e sala de vídeo;
  2. Atividades realizadas em grupo ou duplas de alunos;
  3. Utilização de imagens, textos, charges, tirinhas e vídeos veiculados na internet.

 

Atividade 1

Procedimentos Iniciais

1.         Apresente aos alunos a habilidade que será trabalhada nesta Situação de Aprendizagem, os objetivos gerais e alguns combinados, contextualizando o percurso e justificando sua necessidade, visando o bom desenvolvimento da sequência;

2.         Organize uma “chuva de ideias” quanto ao tema: “normas ortográficas, regência verbal e nominal” para a verificação do conhecimento que a turma tem sobre os temas;

3.         Registre algumas impressões para posterior consulta, como instrumento de avaliação inicial;

4.         Retome as anotações, limpe as incongruências conceituais e apresente os vídeos;

5.         Solicite que os alunos acompanhem as explicações de posse do roteiro de observação abaixo, registrando suas impressões para posterior socialização.

 

Roteiro para o vídeo:

 

A partir das explicações do vídeo, defina a diferença entre  verbo transitivo direto  e indireto, a partir das frases:

_____________________________________________________________________________________________________________

 

Toda vez que precisar de preposição, o verbo é _________________ . E o seu complemento  recebe o nome de______________________________.

 

Se não precisar de preposição, o verbo é _______________________. E o seu complemento recebe o nome de ______________________________.

 

Defina regência nominal:

__________________________________________________________________________________________________________________­­­­­­­­­­­­­­­________

 

Explique a diferença entre regência verbal e nominal,  abaixo:

_________________________________________________________________________________________________________________________

____________­_____________________________________________________________________________________________________________

 

    Para o professor:

    Dá-se o nome de regência à relação de subordinação que ocorre entre um verbo ou um nome e seus complementos. Por meio da regência, estabelecem-se relações entre as palavras, criando frases não ambíguas, que expressem efetivamente o sentido que se deseja de forma clara. Dessa forma, a relação entre verbos e nomes transitivos pode ser um fator de coesão textual, uma vez que a má organização desse tipo de relação pode provocar mais do que simples problemas de correção gramatical, chegando a comprometer a própria coerência de um texto.

Conteúdo disponível em:

https://www.grupoescolar.com/materia/regencia_nominal.html

 

1.    O professor deverá exibir:

Vídeo 01: Verbo Transitivo Direto e Transitivo Indireto

 

Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=bJk9aSvsFco&feature=related

 

Professor comente com os alunos, realize pausas, retome conceitos, retifique ou ratifique as impressões iniciais, pois se trata da etapa de apropriação dos conceitos.

 

2.    Na sequência, o professor deverá exibir para os alunos:

Vídeo 02:  Regência Nominal e Regência Verbal

 

Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=NLcgmaHKL1k

 

3.     Após a exibição dos vídeos, o professor deverá conversar com os alunos sobre  o tema neles abordado.

 

    Professor, para fugir das aulas expositivas, é necessário que haja realmente uma conversa. Para isso, retome as informações do vídeo, crie expectativas sobre o assunto, enfim, deixe o seu aluno falar. Assim, você irá explicando o conteúdo informalmente como se fosse uma conversa. Peça para seus alunos fazerem as atividades abaixo, mas você deverá orientá-los durante a realização da tarefa.

Lembrando que tais atividades poderão servir como uma avaliação do processo.

 

4.     A partir das primeiras considerações acerca desta aula, coletivamente, com a estratégia “ditado ao professor”, produza um pequeno texto (ou mapa conceitual, um esquema etc) que resuma os principais conceitos abordados nos vídeos.

 

    ATIVIDADE 2

    Professor considerando a habilidade H26 (Identificar, em um texto, normas ortográficas, de concordância, de regência ou de colocação pronominal, com base na correlação entre definição/exemplo), propõe-se aqui um estudo dirigido com base em exemplos que ajudarão na apreensão dos conceitos anteriormente estudados. Contudo, além do estudo desta habilidade específica, propiciamos a estrutura do gênero “item”, a compreensão dos textos não verbais e o posicionamento crítico, favorecido pelo uso do gênero textual “charge”.

 

Atividade

1.     O professor deverá reproduzir para os alunos a cópia das charges e tirinhas apresentadas na sequência. A seguir, deverá dispor os alunos em grupo para resolverem às questões sobre os textos.

 

Disponível em: https://comunicaoeexpresso.blogspot.com.br/2014/08/caderno-de-lingua-portuguesa.html

 

1)    De acordo com a charge, o professor esperava ouvir:

a.    (   ) A desvalorização do ensino público.

b.    (   ) A palavra frequente não tem mais trema.

c.    (   ) O descaso do ensino público.

d.   (    ) O sentido implícito da frase.

 

2)    Comente sobre a crítica ao ensino público, presente na charge.

______________________________________________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________________________________________

 

    Como ressaltamos anteriormente, o estudo não deve estar descontextualizado da realidade social, para tanto, a questão 2 suscita uma reflexão crítica e analítica da charge em questão.

 

Disponível em: https://www.nadaver.com/consciencia-ambiental-e-al-gore-ou-nunca/

 

1)    A regência verbal estuda a relação de dependência que se estabelece entre o verbo e seus complementos. Como alguns verbos têm mais de um significado, pode ocorrer que a mudança de significado provoque alteração na regência.

    Esse é o caso de o verbo assistir.

Observe:

  • No sentido de prestar assistência, ajudar, socorrer é transitivo direto, não exige a preposição.     Ex.: O técnico assistia os jogadores novatos.
  • No sentido de ver, presenciar é transitivo indireto, exige a preposição a.     

Ex.: Não assistimos ao show. 

No sentido de caber, pertencer é transitivo indireto, exige a preposição a.    

Ex.: Assiste ao homem tal direito.

 

  1. Qual o sentido do verbo assistir na charge?

 

 

  1.  A regência do verbo assistir está de acordo com o padrão culto da língua? Justifique sua resposta.

 

 

Observe a imagem:

Disponível em: https://joanavieirapontocom.blogspot.com/2010/05/regenciacreeedo.html

 

1)    O verbo namorar não admite a preposição com, isto é, namora-se alguém e não namora-se com alguém. “Pedro namora Ana” e não “Pedro namora com a Ana”. Agora, responda, qual é o certo: Ele namora comigo ou ele me namora?

 

 

Disponível em: https://4.bp.blogspot.com/_8ket9EcupBE/TFq7XgHtn4I/AAAAAAAAIZ8/iWahDYJtRLQ/s1600/mafalda+e+suzanita.jpg

1)        Qual a regência dos verbos pedir e pensar na fala de Suzanita? Identifique seus complementos.

  

 

2)        O que se pode inferir do silêncio de Mafalda frente à fala de Suzanita?

_________________________________________________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________________________________________________

 

Disponível em: https://1.bp.blogspot.com/_JD9Ym-isYDc/TKCrfzS3xEI/AAAAAAAABzc/JVJpyAyUFco/s1600/tirinha1.gif

 

1)    Observe a fala da Helga no primeiro quadrinho:

 

a.     Qual a regência do verbo lembrar? Explique.

 

 

b.     Qual a regência do verbo casar?

 

 

2)    No segundo quadrinho, o verbo viver foi empregado como transitivo direto na locução verbal “tendo vivido”. Apresente um exemplo em que esse verbo seja empregado como intransitivo.

Eu vivo bem.

 

3)  É possível inferir porque a vida da Helga tem sido um terror? Justifique sua resposta.

 

 

Atividades 2 – Gênero Crônica

O professor deverá reproduzir para os alunos a cópia da crônica  "Outra Noite", de Rubem Braga.

A OUTRA NOITE

                                                                         Rubem Braga

Outro dia fui a São Paulo e resolvi voltar à noite, uma noite de vento sul e chuva, tanto lá como aqui. Quando vinha para casa de táxi, encontrei um amigo e o trouxe até Copacabana; e contei a ele que lá em cima, além das nuvens, estava um luar lindo, de lua cheia; e que as nuvens feias que cobriam a cidade eram, vistas de cima, enluaradas, colchões de sonho, alvas, uma paisagem irreal.

Depois que o meu amigo desceu do carro, o chofer aproveitou o sinal fechado para voltar-se para mim:

-- O senhor vai desculpar, eu estava aqui a ouvir sua conversa. Mas, tem mesmo luar lá em cima?

Confirmei: sim, acima da nossa noite preta e enlamaçada e torpe havia uma outra - pura, perfeita e linda.

--Mas, que coisa...

Ele chegou a pôr a cabeça fora do carro para olhar o céu fechado de chuva. Depois continuou guiando mais lentamente. Não sei se sonhava em ser aviador ou pensava em outra coisa.

--Ora, sim senhor... E, quando saltei e paguei a corrida, ele me disse um "boa noite" e um "muito obrigado ao senhor" tão sinceros, tão veementes, como se eu lhe tivesse feito um presente de rei. 
 

Disponível em: https://www.eeagorajose.kit.net/estilos/croanoitebraga.htm

 

    O professor deverá fazer a leitura oral da crônica para os alunos. A seguir, discuta com eles sobre as impressões, valorizando os pontos de vista de alinhando-os as perspectivas pretendidas. (Se preferir pode utilizar outra estratégia de leitura que julgar mais adequada).

Retome os conceitos de regência verbal.

1)    Os alunos, em dupla, deverão classificar os verbos em destaque no texto, quanto à regência verbal, dividindo-os conforme a proposta abaixo.

Verbo transitivo direto -  Verbo transitivo indireto -  Verbo transitivo direto indireto - Verbo intransitivo      

________________________________________________________________________________________________________________________

________________________________________________________________________________________________________________________

________________________________________________________________________________________________________________________

2)    Discuta com seu colega e responda: qual a importância da regência verbal na construção do texto?

________________________________________________________________________________________________________________________

________________________________________________________________________________________________________________________

 

Recursos Complementares

 

Para ampliar o conhecimento da temática em estudo - regência - o professor poderá exibir para os alunos os vídeos seguintes:

 

1. GRAMÁTICA - REGÊNCIA VERBAL 02/02

 

Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=RBdg1t-hFzw

2. GRAMÁTICA - REGÊNCIA VERBAL 01/02

 

    Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=GboPgDa8qro

 

Avaliação

    Os alunos serão avaliados coletivamente, por meio de observações, durante a realização das atividades sobre regência, ainda, ponderamos a necessidade de acesso ao gênero “item” quais poderão compor uma atividade pontual de avaliação.



[1] Para melhor compreensão ver: SOLÉ, Isabel. Estratégias de Leitura. Porto alegre: Artes médicas, 1998.

 

 

 

Sequência Didática 2 -  Pronomes como Elementos Coesivos

 

Desenvolvimento 

    1ª etapa 

    Inicie a aula explicando aos alunos que eles vão realizar uma atividade de leitura, com base no texto abaixo. Diga que se trata da introdução de um livro sobre Idade Média, dedicado a crianças e jovens. Comente com a turma que você realizou algumas modificações no texto.

    Peça que se dividam em duplas e proponha as seguintes atividades:

1. Leitura do texto e identificação das modificações realizadas.

2. Análise do efeito de sentido causado por essas modificações.

3. Reescrita do texto, suprimindo os problemas encontrados por meio do uso de pronomes.

 

Para entrar neste livro quando se é jovem ... e mais tarde

    É importante conhecer o passado para compreender melhor o presente, para saber em que estamos dando continuidade ao passado, em que estamos nos separando do passado.

    Os historiadores perceberam que compreendiam melhor o passado e podiam explicar o passado melhor, particularmente para as crianças e os jovens, quando dividiam o passado em sucessivas épocas, cada uma das sucessivas épocas com características das épocas. Em relação à época que chamamos Idade Média, temos dois problemas: duração da Idade Média e significado da Idade Média, pois existe uma interpretação favorável e outra desfavorável do período Idade Média.

    A Idade Média inspirou romances históricos aos escritores, entre os quais alguns tiveram grande sucesso, e filmes aos cineastas, desde que existe cinema, fascinando os espectadores, particularmente as crianças. Mais uma razão para tentar explicar a vocês o que foi a Idade Média e o que a Idade Média deve representar para nós.

LE GOFF, Jacques. A Idade Média Explicada a meus Filhos. Rio de Janeiro: Agir, 2007 (Com Alterações)

 

2ª etapa 

    Realize a correção da tarefa em sala. Observe se os alunos identificaram que as modificações que você fez consistiam na eliminação dos elementos que retomam as palavras e expressões apresentadas. Sem eles, ocorre uma repetição desnecessária de vocábulos.

    Solicite às duplas a leitura da reescrita do primeiro parágrafo. Observe se usaram os pronomes adequados.

 

Original 
    Os historiadores perceberam que compreendiam melhor o passado e podiam explicar o passado melhor, particularmente para as crianças e os jovens, quando dividiam o passado em sucessivas épocas.

 

    Reescrita 
Os historiadores perceberam que compreendiam melhor o passado e podiam explicá-lo melhor, particularmente para as crianças e os jovens, quando o dividiam em sucessivas épocas.

 

No trecho dois aspectos podem ser sinalizados:

    1. A supressão do r da forma verbal infinitiva, quando essa se associa ao pronome oblíquo, dando lugar ao l - explicar/ explicá-lo.

    2. O advérbio quando atuando como atrativo do pronome oblíquo - quando o dividam em sucessivas épocas.

    Realize a mesma análise com os demais trechos do texto. Peça que os alunos apresentem a reescrita de cada parágrafo e comente-a.

    Complete a correção com a leitura do texto como ele se encontra no livro. É importante observar que não há uma única forma de reescrita possível. A versão apresentada é uma possibilidade, não é a única correta.

 

    Para entrar neste livro quando se é jovem ... e mais tarde

    É importante conhecer o passado para compreender melhor o presente, para saber em que estamos dando continuidade a ele, em que estamos nos separando dele.

    Os historiadores perceberam que compreendiam melhor o passado e podiam explicá-lo melhor, particularmente para as crianças e os jovens, quando o dividiam em sucessivas épocas, cada uma delas com suas características. Em relação à época que chamamos Idade Média, temos dois problemas: sua duração e seu significado, pois existe uma interpretação favorável e outra desfavorável desse período.

    A Idade Média inspirou romances históricos aos escritores, entre os quais alguns tiveram grande sucesso, e filmes aos cineastas, desde que existe cinema, fascinando os espectadores, particularmente as crianças. Mais uma razão para tentar explicar a vocês o que foi a Idade Média e o que ela deve representar para nós.

LE GOFF, Jacques. A Idade Média Explicada a meus Filhos. Rio de Janeiro: Agir, 2007.

 

    Durante a leitura, enfatize o uso dos pronomes pessoais retos, oblíquos, possessivos e demonstrativos. Comente que eles são empregados para retomar elementos já referenciados, evitar repetições e dar coesão ao texto.

    Para finalizar, peça que os alunos redijam um parágrafo sintetizando o conteúdo do texto. Nessa síntese, eles devem utilizar dois pronomes para substituir dois nomes ou duas expressões.

 

3ª etapa 

    Inicie a aula com a correção da tarefa. Peça que alguns alunos leiam a produção realizada. Mostre a eles que os pronomes pessoais, demonstrativos e possessivos concordam em gênero e número com as expressões que eles referenciam. A única exceção são os pronomes issoisto e aquilo. Essa concordância permite ao leitor resgatar as referências feitas. É um dos mecanismos que garantem a textualidade.

    Antes de passar a próxima atividade, retome o título do texto analisado. Assinale o pronome demonstrativo que aparece nele. Mostre aos alunos que, diferente dos pronomes presentes no corpo do texto, ele não retoma um elemento já dado, mas antecipa o que virá - neste livro. Comente com a turma os diferentes usos de este e esse.

    Proponha que os alunos realizem a atividade abaixo. Nela, há espaços em branco que devem ser preenchidos com elementos coesivos de retomada. Peça que os alunos usem os pronomes que acharem mais adequados e façam uma flecha associando-os aos elementos que eles retomam.

 

a) "A Idade Média durou muito tempo pelo menos mil anos! É verdade que quando falamos ---------------- pensamos quase sempre no período que vai de 1000 a 1500. Mas ---------------------- começou pelo menos cinco séculos antes, por volta do ano 500, portanto durante o século V depois de Cristo."

b) A expressão Idade Média surgiu no decorrer da própria Idade Média, principalmente perto do fim, primeiro entre estudiosos e artistas que sentem que os séculos transcorridos antes ------------------ - que para nós era o coração da Idade Média - foram um intermédio, uma transição, e também um período obscuro, um tempo de declínio, em relação à Antiguidade, da qual ---------------- têm uma imagem idealizada............................ sentem saudades ................................. civilização antiga, mais refinada (segundo .................). São principalmente os poetas italianos, chamados de “humanistas”, que tiveram .................. sentimento, por volta do século XV e começo do século XVI. ....................... achavam que os seres humanos tinham mais qualidades do que as que ....................... eram atribuídas pela fé cristã medieval, que insistia no peso dos pecados do homem diante de Deus.
Existe uma segunda razão. O século XVIII conheceu uma onda de desprezo pelos homens e pela civilização da Idade Média. A imagem dominante era a de um período de obscurantismo, no qual a fé em Deus esmagava a razão dos homens. Os humanistas e os iluministas não compreendiam a beleza e a grandeza ............................. séculos. Resumindo, a Idade Média estende-se entre dois períodos que são tidos como superiores: a Antiguidade e os Tempos Modernos, que começou com o Renascimento - uma palavra também muito particular, a Antiguidade renasce, a partir dos séculos XV e XVI, como se a Idade Média fosse um parêntese!"

LE GOFF, Jacques. A Idade Média Explicada a meus Filhos. Rio de Janeiro: Agir, 2007. (Com cortes)

    Realize a correção da tarefa. Proponha que os alunos procurem, em casa, três notícias e tragam na aula seguinte. Explique que eles devem sublinhar nelas os pronomes utilizados como mecanismo de retomada.

 

4ª etapa 

    Inicie a aula pedindo que os alunos leiam trechos de algumas das notícias coletadas e sinalizem os pronomes utilizados como mecanismos coesivos.

    Em seguida, leia com a turma os verbetes da gramática dedicados aos pronomes. Realize, junto com eles, uma síntese (Vide modelo abaixo) da caracterização dessa classe de palavras.

 

QUADRO DOS PRONOMES

 

PESSOA

PESSOAL RETO

PESSOAL OBLÍQUO

POSSESSIVO

DEMONSTRATIVO

1a pessoa do singular

EU

me, mim, comigo

meu(s), minha(s)

este(s), esta(s), isto

2a pessoa do singular

TU

te, ti, contigo

teu(s), tua(s)

esse(s), essa(s), isso

3a pessoa do singular

ELE/ELA

se, si consigo, lhe, o, a

seu(s), sua(s)

aquele(a, es, as), aquilo, o, a

1a pessoa do plural

NÓS

nos, conosco

nosso(s), nossa(s)

este(s), esta(s), isto

2a pessoa do plural

VÓS

vos, convosco

vosso(s), vossa(s)

esse(s), essa(s), isso

3a pessoa do plural

ELES/ELAS

se, si consigo, lhes, os, as

seu(s), sua(s)

aquele(a, es, as), aquilo, o, a

OBS: Os pronomes de tratamento (você, senhora, Vossa Senhoria etc.) e os pronomes indefinidos (alguém, ninguém, tudo, todos, vários etc.) só admitem verbos na 3a pessoa do singular ou do plural.

Os pronomes demonstrativos este(s), esta(s) e isto anunciam palavras que ainda vão aparecer na progressão do texto, referem-se a tempo presente e indicam o que está próximo da pessoa que fala (1.a pessoa).

 

Os pronomes demonstrativos esse(s), essa(s) e isso retomam termos ou orações já mencionados, referem-se a tempo futuro ou passado e indicam o que está próximo da pessoa com quem se fala (2.a pessoa).

 

Os pronomes demonstrativos aquele(s), aquela(s) e aquilo referem-se a tempo passado remoto e ao que está distante da pessoa com quem se fala.

 

 

PRONOMES RELATIVOS

VARIÁVEIS

INVARIÁVEIS

MASCULINO

FEMININO

Singular

Plural

Singular

Plural

que

o qual

os quais

a qual

as quais

cujo

cujos

cuja

cujas

quem

quanto

quantos

 

onde

 

5ª etapa 

    Para finalizar, pergunte à moçada os significados da palavra tecido. Leia para a classe as definições propostas em um dicionário. Pergunte se alguém consegue relacionar os significados de tecido e os mecanismos de referenciação textual estudados. Quer saber mais?

 

Avaliação 

    Ouça as hipóteses da turma e converse a respeito da etimologia da palavra texto. Ela origina-se da palavra latina textu, que significa tecido. Como o tecido, o texto é formado pelo entrelaçamento das partes, pela união entre os fios da trama. Um fio solto compromete a trama do tecido e o sentido do texto. Os elementos coesivos devem amarrar a tessitura, ligar as partes do texto e não deixar fios soltos. Como isso se dá? Isso se dá, entre outras coisas, pela pertinência das escolhas dos elementos de retomada. Por isso a importância da revisão das produções escritas. Mesmo um escritor hábil e profissional precisa revisar o seu texto - pois pode haver fios soltos, problemas de concordância, pronomes usados de maneira inadequada ou ideias sem conclusão.

 

Sequência Didática 3: Colocação Pronominal

 

    1ª   Etapa

    Inicie explorando o conceito de pronomes e a colocação dos pronomes pessoais oblíquos. Aproveitando sempre o que o aluno já sabe a respeito do conteúdo.    

    2ª   Etapa

    Para essa etapa Utilizar a música “Devolva-me” – Adriana Calcanhoto.

 

 

Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=CNtzCM7DdPA

    Entregar fotocópia da música aos alunos ou colocá-la no projetor multimídia (datashow).

 

 “Devolva-Me”

Adriana Calcanhotto

 

Rasgue as minhas cartas

E não me procure mais

Assim será melhor, meu bem!

O retrato que eu te dei

Se ainda tens, não sei

Mas se tiver, devolva-me!

Deixe-me sozinho

Porque assim

Eu viverei em paz

Quero que sejas bem feliz

Junto do seu novo rapaz

 

Rasgue as minhas cartas

E não me procure mais

Assim vai ser melhor, meu bem!

O retrato que eu te dei

Se ainda tens, não sei

Mas se tiver, devolva-me!

O retrato que eu te dei

Se ainda tens, não sei!

Mas se tiver

Devolva-me!

Devolva-me!

Devolva-me!

Composição: Renato Barros

3ª   Etapa

Entregar fotocópia da música aos alunos ou colocá-la no retroprojetor.

4ª   Etapa

Ouvir e cantar a música juntos.

5ª   Etapa

Após solicitar aos alunos que Localizem os pronomes na música, dando ênfase ao pronome oblíquo.

6ª   Etapa

    Apresentar aos alunos o conceito de Colocação Pronominal: Próclise, Ênclise e Mesóclise, quando ocorre e em quais ocasiões ocorre. Para esse momento o professor se utilizará das definições abaixo que deverá ser disponibilizado ao aluno através de fotocópias ou disposto no quadro negro.

 

 PRÓCLISE

    Usamos a próclise nos seguintes casos:

1. Com palavras ou expressões negativas: não, nunca, jamais, nada, ninguém, nem, de modo algum.

Nada me perturba.

Ninguém se mexeu.

De modo algum me afastarei daqui.

- Ela nem se importou com meus problemas.

 

2. Com conjunções subordinativas: quando, se, porque, que, conforme, embora, logo, que.

Quando se trata de comida, ele é um “expert”.

- É necessário que a deixe na escola.

- Fazia a lista de convidados, conforme me lembrava dos amigos sinceros.

 

2. Advérbios

Aqui se tem paz.

Sempre me dediquei aos estudos.

Talvez o veja na escola.

OBS: Se houver vírgula depois do advérbio, este (o advérbio) deixa de atrair o pronome.

- Aqui, trabalha-se.

 

4. Pronomes relativosdemonstrativos e indefinidos.

Alguém me ligou? (indefinido)

- A pessoa que me ligou era minha amiga. (relativo)

Isso me traz muita felicidade. (demonstrativo)

 

5. Em frases interrogativas.

Quanto me cobrará pela tradução?

 

6. Em frases exclamativas ou optativas (que exprimem desejo).

- Deus o abençoe!

- Macacos me mordam!

- Deus te abençoe, meu filho!

 

7. Com verbo no gerúndio antecedido de preposição EM.

Em se plantando tudo dá.

Em se tratando de beleza, ele é campeão.

 

8. Com formas verbais proparoxítonas

- Nós o censurávamos.

 

MESÓCLISE

Usada quando o verbo estiver no futuro do presente (vai acontecer – amarei, amarás, ...) ou no futuro do pretérito (ia acontecer mas não aconteceu – amaria, amarias, ...)

- Convidar-me-ão para a festa.

- Convidar-me-iam para a festa.

Se houver uma palavra atrativa, a próclise será obrigatória.

- Não (palavra atrativa) me convidarão para a festa.

 

ÊNCLISE

Ênclise de verbo no futuro e particípio está sempre errada.

- Tornarei-me....... (errada)

- Tinha entregado-nos..........(errada)

Ênclise de verbo no infinitivo está sempre certa.

- Entregar-lhe (correta)

- Não posso recebê-lo. (correta)

Outros casos:

- Com o verbo no início da frase: Entregaram-me as camisas.

- Com o verbo no imperativo afirmativo: Alunos, comportem-se.

- Com o verbo no gerúndio: Saiu deixando-nos por instantes.

- Com o verbo no infinitivo impessoal: Convém contar-lhe tudo.

OBS: se o gerúndio vier precedido de preposição ou de palavra atrativa, ocorrerá a próclise:

- Em se tratando de cinema, prefiro o suspense.

- Saiu do escritório, não nos revelando os motivos.

 

COLOCAÇÃO PRONOMINAL NAS LOCUÇÕES VERBAIS

Locuções verbais são formadas por um verbo auxiliar + infinitivo, gerúndio ou particípio.

AUX + PARTICÍPIO: o pronome deve ficar depois do verbo auxiliar. Se houver palavra atrativa, o pronome deverá ficar antes do verbo auxiliar.

Havia-lhe contado a verdade.

Não (palavra atrativa) lhe havia contado a verdade.

AUX + GERÚNDIO OU INFINITIVO: se não houver palavra atrativa, o pronome oblíquo virá depois do verbo auxiliar ou do verbo principal.

Infinitivo
Quero-lhe dizer o que aconteceu.

Quero dizer-lhe o que aconteceu.

Gerúndio
Ia-lhe dizendo o que aconteceu.

Ia dizendo-lhe o que aconteceu.

Se houver palavra atrativa, o pronome oblíquo virá antes do verbo auxiliar ou depois do verbo principal.

Infinitivo
Não lhe quero dizer o que aconteceu.

Não quero dizer-lhe o que aconteceu.

Gerúndio
Não lhe ia dizendo a verdade.

Não ia dizendo-lhe a verdade.

 

7ª   Etapa

O professor deverá solicitar aos alunos que retomem os pronomes localizados na música e classifique-los de acordo com sua colocação na frase.

 

8ª   Apresente o texto “Papos” de Luis Fernando Veríssimo para o aluno afim de que este desenvolva suas aptidões adquiridas nas etapas anteriores, com a seguinte proposta: que ele encontre os pronomes presentes no texto, classifique-os, e depois justifique porque a preferência por determinada colocação e não outra no decorrer do texto.

 

Papos

 

- Me disseram...

- Disseram-me.

- Hein?

- O correto é "disseram-me". Não "me disseram".

- Eu falo como quero. E te digo mais... Ou é "digo-te"?

- O quê?

- Digo-te que você...

- O "te" e o "você" não combinam.

- Lhe digo?

- Também não. O que você ia me dizer?

- Que você está sendo grosseiro, pedante e chato. E que eu vou te partir a cara. Lhe partir a cara. Partir a sua cara. Como é que se diz?

- Partir-te a cara.

- Pois é. Parti-la hei de, se você não parar de me corrigir. Ou corrigir-me.

- É para o seu bem.

- Dispenso as suas correções. Vê se esquece-me. Falo como bem entender. Mais uma correção e eu...

- O quê?

- O mato.

- Que mato?

- Mato-o. Mato-lhe. Mato você. Matar-lhe-ei-te. Ouviu bem?

- Pois esqueça-o e pára-te. Pronome no lugar certo e elitismo!

- Se você prefere falar errado...

- Falo como todo mundo fala. O importante é me entenderem. Ou entenderem-me?

- No caso... não sei.

- Ah, não sabe? Não o sabes? Sabes-lo não?

- Esquece.

- Não. Como "esquece"? Você prefere falar errado? E o certo é "esquece" ou "esqueça"? Ilumine-me. Me diga. Ensines-lo-me, vamos.

- Depende.

- Depende. Perfeito. Não o sabes. Ensinar-me-lo-ias se o soubesses, mas não sabes-o.

- Está bem, está bem. Desculpe. Fale como quiser.

- Agradeço-lhe a permissão para falar errado que mas dás. Mas não posso mais dizer-lo-te o que dizer-te-ia.

- Por que?

- Porque, com todo este papo, esqueci-lo.

 

Fonte: VERÍSSIMO, Luís Fernando