Sequência Didática Ensino Fundamental

 

Habilidade em defasagem (SARESP 2015)

H24 – Justificar a presença, em um texto, de marcas de variação linguística, no que diz respeito aos fatores geográficos, históricos, sociológicos ou técnicos, do ponto de vista da fonética, do léxico, da morfologia ou da sintaxe.

Tema 05: Reflexões sobre o uso da língua falada e escrita.

 

O que o aluno poderá aprender com esta aula:

·         Reconhecer a variação linguística do “falar sertanejo” como expressão cultural de um povo;

·         Compreender a inexistência de uma hierarquia de valores entre variantes linguísticas (uma melhor do que a outra);

·         Produzir textos orais e escritos acerca do preconceito linguístico e da cultura caipira;

·         Conhecer as diferenças linguísticas entre variedade padrão X variedade caipira;

·        Conhecer os costumes caipiras por meio da música caipira.

 

Duração das atividades

6h/aula

Conhecimentos prévios sobre o conteúdo

    Professor, a presente aula está relacionada com o vídeo “Ao pé da letra – Professores Maria dos Prazeres – variação linguística”, (disponível no link: https://tvescola.mec.gov.br/tve/video/ao-pe-da-letra-professores-maria-dos-prazeres-variacao-linguistica#), aqui como ferramenta de apropriação conceitual.

        É importante que você acesse a referida aula para melhor desenvolver as atividades aqui propostas.

        Também é relevante que os alunos já conheçam o conceito de variação linguística, passível de ser percebido em forma de diálogo durante a explanação inicial sobre o tema.

            Neste ínterim, é importante que os conceitos didáticos e pedagógicos, expressos no Currículo Oficial, sejam a base das ações para o desenvolvimento desta proposta. Assim sendo, há a necessidade de adequação das estratégias didáticas de acordo com os objetivos delimitados para o desenvolvimento da habilidade em questão (H-24).

            Para tanto, prevê-se uma aula dialogada, de forma mediadora, onde se pretende construir, a partir das etapas propostas, a ampliação do conceito de variação linguística e a dos valores sociais e culturais que permeiam as expressões individuais de cada falante, além da conscientização sobre o “preconceito linguístico”.

 

Procedimentos Iniciais

1.  Apresente aos alunos a habilidade que será trabalhada nesta Situação de Aprendizagem, os objetivos gerais e alguns combinados, contextualizando o percurso e justificando sua necessidade, visando o bom desenvolvimento da sequência;

2.  Organize uma “chuva de ideias” quanto ao tema: “variação linguística” e “preconceito linguístico”, para a verificação do conhecimento que a turma tem;

3.  Registre algumas impressões para posterior consulta, como instrumento de avaliação inicial;

4.  Retome as anotações, limpe as incongruências conceituais e apresente o conceito de variedades linguísticas e valorização das formas de expressão (língua falada e língua escrita).

 

recursos da aula

·         vídeos:

ü  “Ao pé da letra – Professores Maria dos Prazeres – variação linguística”.

(disponível no link: https://tvescola.mec.gov.br/tve/video/ao-pe-da-letra-professores-maria-dos-prazeres-variacao-linguistica#

ü  Chico Bento no shopping – Mauricio de Souza.

(disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=ntXCiB0Ehfk

Estratégias

ATIVIDADE 01

Variação linguística

 

    Seus alunos já conhecem o conceito de variação linguística? Eles já sabem que uma mesma língua possui variantes relacionadas à: região, idade, nível cultural, classe social etc.

    A presente atividade trata da variedade regional, especificamente o falar "caipira", "sertanejo", que se relaciona ao modo de falar, na maioria das vezes, aos habitantes de regiões rurais dos estados de São Paulo, Minas Gerais, Goiás e da região Nordeste. O "caipirês", nesses estados, também tem suas variações. Por isso, como caráter ilustrativo, utilizaremos a imagem lúdica do personagem Chico Bento como representante do falar caipira.

 

1.    Comente com os alunos que assistirão um desenho animado do personagem Chico Bento;

2.    Situe o aluno quanto ao universo dos quadrinhos e fale sobre algumas peculiaridades do personagem, por exemplo:

 

Chico Bento

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

Chico Bento (Francisco Antonio Bento) é a personagem principal da Turma do Chico Bento, criada pelo cartunista brasileiro Maurício de Sousa. Chico foi criado em 1961, inspirado em um tio-avô de Maurício, morador de Santa Branca, no Vale do Paraíba, São Paulo. Estreou em 1963, como coadjuvante das tirinhas dos personagens Hiroshi e Zezinho (que passaram a ser chamados Hiro e Zé da Roça), mas acabou se tornando o protagonista daquele universo. A primeira revista própria foi lançada em 26 de agosto de 1982.

Chico é um típico caipira brasileiro. Anda descalço, usa chapéu de palha. Ele adora pescar com o pai. Chico mora com os seus pais, Seu Bento e Dona Cotinha, em um sítio nas cercanias da fictícia Vila Abobrinha, no interior de São Paulo. Possui uma avó paterna, Vó Dita, contadora de "causos" e de histórias folclóricas, envolvendo lendas, tais como a da Mula-sem-cabeça, do Saci, do Lobisomem, do Curupira, dentre outras.

Além de sua namorada, Rosinha, aparecem em suas histórias: Zé Lelé (seu primo), Zé da Roça, Hiro, Anjo Gabriel (o anjo da guarda do Chico), Dona Marocas (a professora), Nhô Lau (dono de uma plantação de goiabas), seu primo da cidade Zeca, etc.

 

3.    Durante uma primeira exibição, peça aos alunos para observar a diferença entre a variedade linguística utilizada por Chico Bento e por seu primo;

4.    Exiba o desenho animado para os alunos:

 

5.    Exiba o desenho animado novamente, pedindo que eles anotem as palavras que diferenciam o falar dos dois primos, bem como as atitudes e costumes que diferenciam Chico Bento dos moradores da cidade.

 

ATIVIDADE 02

Debatendo as diferenças

 

1.  Após as exibições do desenho animado, promova um debate com os alunos.

2.  Não é necessário formar grupos. Disponha-os em círculo para que todos possam participar ativamente do processo de discussão. As anotações feitas pelos alunos na atividade anterior deverão ser utilizadas como argumentos e informações para o debate.

3.  Você deverá nortear as discussões em torno das seguintes problemáticas:

·         O primo refere-se a Chico Bento como "bicho do mato" - discuta sobre preconceito ao morador das regiões rurais - O caipira é um bicho?;

·         A ignorância de Chico perante o funcionamento da escada rolante - discuta sobre preconceito quanto o morador das regiões rurais - O caipira é um ignorante?;

·         A crítica feita pelo personagem à forma que as palavras estão escritas no shopping - discuta o fato da utilização de estrangeirismos ser aceita e a variação caipira ser estigmatizada - “não entendo nada do que ta escrivinhado por aqui”;

·         O conflito entre a relação que Chico tem com a água e a função que a fonte tem no espaço do shopping;

·         A diferença de sentidos que tem a nudez para Chico Bento e para os moradores da cidade.

4.    Na mediação deste processo é fundamental considerar as diversas contribuições, alinhando-os as propostas de ensino objetivadas.

    

            Professor,

            Tais discussões devem ser mediadas por você. Não faça com que essa atividade seja uma aula expositiva, por isso, enriqueça seus comentários com novos exemplos sobre os pontos discutidos. A classe deverá reconhecer, pelos comentários seus e dos colegas, que a variação linguística do caipira não é somente um jeito de falar, mas também a expressão cultural de um povo que se expressa por meio de: modas de viola, causos, contos, jeitos e trijeitos específicos da formação cultural deste povo etc.

        O debate, ainda que tenha a duração de mais de uma hora aula, objetiva que a classe compreenda o preconceito linguístico, ideológico e cultural que existe em relação ao caipira, seus costumes e suas crenças. A discussão deve, também, demonstrar que não existe uma hierarquia entre variantes linguísticas.

        Neste ponto, registrar as considerações sobre os tópicos e retomar as impressões iniciais dos alunos, derivados da “chuva de ideias”, é uma importante ação para o fechamento desta primeira etapa da proposta.

 

ATIVIDADE 03

Produção textual:

Breves apontamentos sobre o preconceito linguístico/cultural frente ao caipira.

 

1.    Após o desenvolvimento do debate, proponha que os alunos produzam, individualmente, um pequeno texto ( para cada ano/série que será aplicada a atividade, adequar a produções de acordo com a tipologia ou o gênero em estudo, por exemplo) que sintetize as discussões empreendidas acerca do caipira e o preconceito que o circunda.

Questionamentos norteadores para a produção:

·         O que você entendeu como preconceito social? Cite exemplos que conhece.

·         O modo de falar do caipira é melhor ou pior que o do homem da cidade?

·         Os costumes do caipira são tidos como inteligentes ou ignorantes pelo homem da cidade? Por quê?

 

Para as turmas que apresentam muitos alunos em defasagem e/ou com dificuldades na aprendizagem, realize uma produção coletiva, com ditado ao professor. Caso haja essa possibilidade, aproveite para realinhar as adequações quanto ao gênero e ortográficas, mais evidentes na turma e, ainda, conceituar algum estudo sobre as análises linguísticas pertinentes e contextualizadas com o ano/série que será aplicada a atividade.

    Caso seja utilizada esta estratégia, ofereça a atividade de produção para atividade extraclasse.

 

2.    Por se tratar de um texto curto e ter como embasamento as discussões empreendidas anteriormente, os mesmos podem ser produzidos em sala de aula, ao longo de uma hora aula.

 

ATIVIDADE 04

Leitura dos textos produzidos

 

Os textos produzidos na atividade anterior serão aqui utilizados para um exercício de leitura em voz alta.

1.    Explique que cada aluno lerá o seu texto e os demais poderão fazer questionamentos e comentários sobre o mesmo. Se caso for pertinente, escolha ou permita a adesão de quem irá ler;

2.    Organize, por meio de combinados, como os alunos que comentarão após a leitura, para que a atividade não fique desorganizada (todos falando ao mesmo tempo).

 

Avaliação do processo

Aqui o professor poderá:

· Avaliar a produção textual (adequação à temática, organização textual, capacidade de sintetização de informações);

· Avaliar a leitura e argumentação oral;

·Avaliar os questionamentos e comentários dos colegas frente aos textos lidos e os conceitos estudados.

 

3.    Conclua a atividade com uma reflexão sobre as leituras, comentários e informações que comporão o conjunto de textos (orais e escritos) produzidos pela turma.

 

ATIVIDADE 05

Revisão coletiva dos textos produzidos

 

Nesta etapa os alunos serão convidados a revisar suas produções a partir de critérios quanto às adequações do:

·         Tema;

·         Gênero;

·          Coesão e coerência;

·        Registro.

1.    Favoreça o entendimento do processo de revisão socializando o gabarito de correção ­e as observações que você (professor) realiza frente às produções e, se necessário, realize uma revisão coletiva de um texto, descaracterizado seu autor e, se possível, em um projetor multimídia.

2.     Proponha aos alunos um agrupamento, qual será organizado de forma que as duplas possam colaborar entre si, ou seja, balanceando o nível cognitivo da dupla;

3.    Peça que leiam as produções e escolha uma que será a revisada;

4.     Ofereça um tempo em aula para o inicio da produção;

5.    Caminhe pela sala e observe o desenvolvimento da proposta.

6.    Peça que terminem as produções e entreguem-lhe.

 

Realize uma revisão das produções dos alunos e organize uma devolutiva, pontuando os aspectos positivos e ressaltando as adequações necessárias.

 

Avaliação

Após as atividades propostas, os alunos podem ser avaliados nos seguintes aspectos:

·         Comprometimento e organização em todas as atividades da aula;

·         Anotações desenvolvidas nas atividades que assim se pediu;

·         Produção de texto (adequação à temática, organização textual, capacidade de sintetização de informações);

·         Argumentação oral desenvolvida nas atividades que assim se pediu;

·         Construção de um paralelo linguístico entre a variedade padrão e a caipira;

·         Compreensão, por meio dos debates, das características e peculiaridades da cultura caipira.

·         Produção com as estruturas adequadas do gênero e caracterização da justificativa em sua produção, quanto o parecer sobre o tema: preconceito linguístico.

 


Exercício complementares ou avaliativos

 

 

  (Habilidade- AAP- 8EF- 9ª EDIÇÃO)- Reconhecer os usos da norma padrão e de outras variedades linguísticas em diferentes situações de uso social da língua. 

 (H24- SARESP)- Justificar a presença, em um texto, de marcas de variação linguística, no que diz respeito aos fatores geográficos, históricos, sociológicos ou técnicos, do ponto de vista da fonética, do léxico, da morfologia ou da sintaxe.

 
 Língua 
Manuel de Barros 
A seca foi braba naquele ano. 
O pai falou: Lá evém uma língua de fogo 
do lado da Bolívia 
e vai lamber todo o pasto. 
O menino assustou: Língua de fogo? 
O pai explicou ao menino que se tratava 
de imagem.
Língua de fogo é apenas uma imagem. 
Mas, pela dúvida, o menino retirou seu 
cachorro da imagem. 

BARROS, Manuel de. Poemas rupestres. Rio de Janeiro: Record, 2004, p. 65.

 

1.     No trecho “Lá evém uma língua de fogo do lado da Bolívia e vai lamber todo o pasto”, a expressão em destaque indica: 
 
(A) a ausência de escolarização do pai do menino. 
(B) a falta de cultura do pai. 
(C) a conversa descontraída do sertanejo com o filho. 
(D) a falta de estudo do menino.

 

2.     "Todas as variedades linguísticas são estruturadas e correspondem a sistemas e subsistemas adequados às necessidades de seus usuários. Mas o fato de estar a língua fortemente ligada à estrutura social e aos sistemas de valores da sociedade conduz a uma avaliação distinta das características das suas diversas modalidades regionais, sociais e estilísticas. A língua padrão, por exemplo, embora seja uma entre as muitas variedades de um idioma, é sempre a mais prestigiosa, porque atua como modelo, como norma, como ideal linguístico de uma comunidade. Do valor normativo decorre a sua função coercitiva sobre as outras variedades, com o que se torna uma ponderável força contrária à variação."

                   Celso Cunha. Nova gramática do português contemporâneo. Adaptado.

 

A partir da leitura do texto, podemos inferir que uma língua é:

a) (  ) Conjunto de variedades linguísticas, dentre as quais uma alcança maior valor social e passa a ser considerada exemplar.

b) (  ) Sistema que não admite nenhum tipo de variação linguística, sob pena de empobrecimento do léxico.

c) (  ) A modalidade oral alcança maior prestígio social, pois é o resultado das adaptações linguísticas produzidas pelos falantes.

d) (  ) A língua padrão deve ser preservada na modalidade oral e escrita, pois toda modificação é prejudicial a um sistema linguístico.

 

Até quando?

Não adianta olhar pro céu

Com muita fé e pouca luta

Levanta aí que você tem muito protesto pra fazer

E muita greve, você pode, você deve, pode crer

Não adianta olhar pro chão

Virar a cara pra não ver

Se liga aí que te botaram numa cruz e só porque Jesus

Sofreu não quer dizer que você tenha que sofrer!

 

GABRIEL, O PENSADOR. Seja você mesmo (mas não seja sempre o mesmo).
Rio de Janeiro: Sony Music, 2001 (fragmento).

 

2. As escolhas linguísticas feitas pelo autor conferem ao texto

a) caráter atual, pelo uso de linguagem própria da internet.

b) cunho apelativo, pela predominância de imagens metafóricas.

c) tom de diálogo, pela recorrência de gírias.

d) espontaneidade, pelo uso da linguagem coloquial.

e) originalidade, pela concisão da linguagem.